quinta-feira, 24 de março de 2022

A opinião de Miguel Cruz sobre: Le Spirou de... Christian Durieux – T.16 - Pacific Palace



Hoje decidi corrigir um erro de julgamento meu (de entre muitos certamente), sobre uma BD de 2021 (T.16 - Pacific Palace, da autoria de Christian Durieux), que expressamente tinha decidido ignorar, depois de ter olhado para a capa e de o ter folheado. Não o fiz sequer, tanto, por não ter gostado do desenho ou por ter achado a capa um pouco sombria (agora percebo que tem uma razão de ser). Fi-lo porque se trata de uma BD integrada na série “Uma aventura de Spirou e Fantasio por …”. E se é verdade que nesta série há algumas obras de que gosto bastante – aliás já tinha falado na revista Juvebêdê de uma delas (em quatro volumes, o quarto sai em maio) da responsabilidade de Émile Bravo (L’Espoir Malgré Tout) que ganhou o prémio de Angoulême para a melhor série – a sequência recente de verdadeiras “borracheiras” levou-me a “olhar de lado” para cada novo álbum editado.

Um bom amigo ofereceu-me recentemente este livro. Se o erro de avaliação não foi corrigido, o lapso está sanado. É uma história um pouco fora do contexto habitual de Spirou e Fantasio, uma vez que é toda passada num hotel, Spirou não corre, não salta e não salva o dia, Fantasio é muito irritante e, portanto, ainda mais irritante do que habitualmente, e Spirou “perde-se” completamente apaixonado. E, no entanto, é uma história bem imaginada, magistralmente construída, na sequência e no ritmo, na construção das personagens e na apresentação do ambiente.

Não é uma obra feliz ou de humor, é a história de um hotel, fechado durante dias, com um gerente e 4 empregados, para acolher um ditador/autocrata, com um historial particularmente sanguinolento, que estabeleceu uma rede de interesses internacionais, de que se aproveita para poder pedir asilo, durante o período de negociação da atribuição desse asilo. Esse ditador de cabelos em pé, vem acompanhado das suas mulher e filha, e dois guarda-costas.
É, portanto, um história romanceada de natureza política, em que o conjunto de pessoas fechadas no hotel, ao mesmo tempo que lá fora se forma uma tempestade, não se entendem, enervam-se umas às outras até ao ponto de a pressão dentro e fora do hotel atingir níveis insuportáveis.

Muito interessante, realista qb., é uma obra de qualidade. Mas para quem seja muito tradicionalista de Spirou e Fantasio, não posso aconselhar. Para os restantes, é uma história diferente e surpreendente.









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