segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

A nossa leitura de "Regresso ao Éden", de Paco Roca - edição da Levoir


Por aqui somos fãs de Paco Roca e tivemos já o prazer de estar com ele por duas ocasiões, a última das quais em Dezembro, na Comic Con. Estávamos ansiosos pela leitura do recente livro "Regresso ao Éden", editado pela Levoir e foi lido de um só fôlego, embora só agora publiquemos a nossa opinião.
Depois de "A Casa", livro intimista do autor onde presta uma homenagem ao seu pai, Roca regressa agora a um novo livro no mesmo registo, desta vez dedicado à sua mãe.

Poderíamos dizer que os livros são equiparados, mas este consegue superar o anterior. É igualmente autobiográfico e emotivo, conseguindo ser sereno e equilibrado ao mesmo tempo. Porém, do ponto de vista gráfico, Paco Roca foi um pouco mais além e no início e no final do livro, conseguiu inovar e ser original, surpreendendo quem está habituado ao seu estilo mais "certinho". Ao longo da história vamos assistindo pontualmente a desenhos mais "fora da caixa", mas que se enquadram na perfeição com aquilo que nos quer transmitir. Nesta história Paco Roca homenageia não só a sua mãe, reconhecendo a terrível vida que teve no pós-guerra, como toda uma geração de mulheres que sofreram com a repressão e a miséria impostas pela ditadura em Espanha. Ou seja, a história mais pessoal e familiar mistura-se com a História espanhola, o que enriquece ainda mais o livro e aumenta o interesse do leitor.  
"Regresso ao Éden" ultrapassou no nosso Top 3 do autor, os já excelentes "Rugas" e "A Casa", tornando-se uma obra de referência e um dos melhores livros que lemos em 2022.

Eis a sinopse:

A partir de uma foto de família tirada em 1946, na antiga praia de Nazaret, capital valenciana, Paco Roca desenha um fresco da Espanha do pós-guerra através de uma das famílias humildes - reflexo de grande parte da sociedade espanhola que sobreviveu à ditadura de Franco -, com graves problemas de acesso aos meios de subsistência e que se vê obrigada a recorrer ao mercado negro para conseguir se manter. Um vigoroso e delicado retrato em quatro cores de uma Espanha de tons de cinza e liberdades cercadas por um regime político que também é um terreno fértil para a propagação da miséria moral.








Sem comentários:

Enviar um comentário