A leitura deste livro revelou-se uma grande surpresa e pela positiva. Depois de termos lido 1984 (uma das várias novelas gráficas) cuja leitura não foi fácil, pela sua complexidade, e páginas escuras com letras igualmente escuras que nos davam cabo dos olhos, entrámos em "Tamanhas eram as alegrias" com algumas reticências. Porém, eis que damos com um livro mais arejado e de leitura fácil. Não que o tema seja leve, que não é, mas é-nos apresentado de uma forma mais simples, quer ao nível da narrativa, quer ao nível dos visuais.
"Tamanhas eram as alegrias" é uma adaptação para Banda Desenhada de outra obra do autor, uma história biográfica, onde George Orwell nos narra um período da sua vida menos feliz, que corresponde aos anos que passou num colégio interno. Editada em Portugal pela Cavalo de Ferro, do grupo Penguin Random House, o texto adaptado é de Sean Michael Wilson e as ilustrações de Jaime Huxtable, a pretp e branco, conseguem visualmente traduzir o poder do texto de Orwell.
Orwell ao expor as suas recordações dessa época, descreve, de forma fiel, a sua formação entre os oito e os treze anos, quando esteve num colégio interno. Esta sua experiência pessoal marcou-o para sempre, embora só muito mais tarde na idade adulta, se tenha apercebido de muitas das atrocidades pelas quais teve de passar.
Nessa escola de elite era gritante a diferença de tratamento junto dos alunos, que mudava despudoradamente para melhor, quanto maior fosse a conta bancária da família. A prepotência dos responsáveis do colégio, os castigos corporais e morais, a má nutrição e a humilhação, tudo isto é contado de uma forma muito directa.
A ação decorre entre 1911 e 1916 e o autor, conhecido pela sua crítica aos mecanismos do Poder e da Autoridade, ao narrar esta parte da sua vida, tece uma crítica implacável aos métodos de ensino utilizados na época, que coincidiam com uma sociedade inglesa classista e profundamente injusta.
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