sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

A opinião de Miguel Cruz sobre: "Elviro", de Paulo J. Mendes - Edição Escorpião Azul

Já aqui tínhamos publicado a nossa leitura de "Elviro" de Paulo J. Mendes (ver em https://juvebede.blogspot.com/2022/11/a-nossa-leitura-de-elviro-o-novo-livro.html ), mas por ser um livro que para nós se destacou em 2022, aqui fica também a opinião do Miguel Cruz.



Elviro

Paulo J. Mendes foi um autor que conheci apenas já à porta do COVID-19, no início de 2020, como consequência do Festival de BD de Coimbra. Nessa altura, veio apresentar a sua obra “O Penteador”, então uma novidade muito interessante, acompanhada pela grande simpatia do seu autor.

Mais de 2 anos depois, agora na Amadora, é lançada a novela gráfica Elviro, a cores e com mais de 200 páginas, pela Escorpião Azul. Adquirida no último fim de semana do festival, autografada no domingo, a obra só foi lida uns dias depois, sendo que constitui uma leitura longa.

Trata-se de uma história curiosa, por vezes verdadeiramente estapafúrdia (não sabem o que são petichus? Não sabem? Pergunto outra vez: não sabem? Pois vão continuar sem saber!) mas com muitos pontos de interesse.

Elviro é um “maluquinho” dos elétricos que, algures na década de 60 (?), se desloca a Nalgas de Mar, uma vila costeira onde o serviço tradicional e popular de elétricos, vai ser substituído por um serviço de Trolleis elétricos. No entanto, esta deslocação implica uma alteração à habitual rotina de férias em conjunto com a família da sua esposa, carinhosamente tratada por sardanisca. Essa alteração não é totalmente bem vista pela esposa de Elviro Bolacha, que, para além de tudo o resto, está já farta do hobby do seu marido. Até porque este escreve sobre os seus queridos elétricos, mas fá-lo numa irritante e barulhenta máquina de escrever (que vai tendo presença mais infrequente para o final da história)

Zangas matrimoniais, paixonetas de verão, muitos mal-entendidos, um aventuroso e stressante processo de alteração de meios de transporte, um presidente de câmara de ideias fixas, falta de visão e uma interpretação muito específica dos seus poderes democráticos, um comerciante de restauração dominante, pouco tolerante e faguinhento (deixem lá, compreendem se lerem!), um congresso de mirones, práticas de topless (etc), aventuras gastronómicas arriscadas… Tudo isto e muito mais podemos encontrar nesta BD atípica, bem disposta, que representa notoriamente muito trabalho por parte do autor, que claramente se divertiu na sua realização. Nem a uma reação adversa aos petichus somos poupados! O desenho arredondado, com detalhes bem trabalhados, é aqui acompanhado por cores vivas, intensas, que acompanham sentimentos e ambientes também eles intensos. 

“Os elétricos, Elviro! Pensa mas é nos elétricos”.

Uma leitura agradável, baseada na vida de um serviço público de transporte tradicional.





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