Andávamos com este livro debaixo de olho, deste Junho, quando o vimos pela primeira vez em Beja. Mas só agora o comprámos e mergulhámos nesta obra fora da caixa, da autoria de Álvaro. Temos vindo a acompanhar os trabalhos do autor, somos fãs do seu humor e por isso aguardávamos com curiosidade a leitura deste livro que nos pareceu ambicioso, muito além das obras anteriores e com um tema intrigante, que se centra na pergunta: e se Jesus regressasse agora?
A leitura foi feita num ápice e o ritmo da narrativa agarrou-nos e nem demos pela sua grande dimensão (um colosso de 320 páginas, mais de 1 Kg como nos disse o Álvaro). Se por um lado a história está carregada do humor a que o autor já nos habituou, por outro lado estando também repleta de críticas diversas à sociedade actual, faz-nos reflectir na mesma medida que nos diverte.
Esta desnovela gráfica, como diz Álvaro, traz-nos um Jesus diferente, um Jesus que é devolvido à Terra pelos mesmos extraterrestres que o raptaram há mais de 2000 anos. Apesar de conseguir caminhar pelas águas, Jesus não tem a noção de quem é, como se tivesse tido amnésia, e não consegue perceber a forma de viver da actualidade. Só os buracos feitos pelos pregos na crucificação o identificam como o homem, pregado na cruz, que ele vê numa igreja. Aliás, a igreja, a par dos políticos, são os principais visados nas críticas que passam por temas que passam pelo racismo, pela corrupção, refugiados, guerra, tráfico humano, abusos sexuais e pedofilia.
Este é um livro onde predomina o sarcasmo, a ironia e o humor, e onde a história se passa com um ritmo acelerado, com inúmeros e sucessivos acontecimentos por vezes até um pouco desconcertantes, quase disparatados, sem filtros ou limites, remetendo-nos para sketches dos Monty Python. Com tudo isto, podemos dizer que esta é, com toda a certeza, uma obra de referência para o humor na Banda Desenhada nacional, que deverá ser lida com espírito aberto e poder de encaixe.
A edição é da Insónia Edições e o único reparo a fazer são algumas pranchas em que a balonagem ficou muito cortada por estar mesmo à face das páginas.
Mostramos aqui algumas páginas e o livro já autografado pelo Álvaro.
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