quinta-feira, 30 de novembro de 2023

A opinião de Miguel Cruz sobre: "La Course du Siècle", de Munuera e Toussaint e "Les Piliers de la Terre - tomo 1", de Alcante, Follet e Dupré

 


La Course du Siècle

Num dos dias do Amadora BD 2023, um dos fiéis bedêfilos referiu-me que gostaria muito de ver em Portugal o espanhol José Luis Munuera, pela qualidade do desenho, e uma vez que tem vários álbuns editados na nossa língua, desde Spirou a Bartleby, o Escriturário. Também gostaria bastante, e acho que se trata de matéria facilmente consensual.

Munuera, autor prolífico (até um álbum dos Túnicas Azuis consta da sua bibliografia), de desenho ágil, agradável, arejado, bem-humorado, por vezes semi realista, outras caricatural/humorista, é especialista no movimento. Por isso mesmo, creio que não haveria melhor desenhador para abraçar uma história associada à realização, pela primeira vez, dos jogos olímpicos nos Estados Unidos, nos idos de 1904.

Atletas e desportistas, apostadores e vigaristas, entusiastas e experimentações batoteiras, doping e esquemas, histórias paralelas e aventuras de bastidores, corridas contra carros, travessias da linha ferroviária, páginas de movimento e esforço, várias sem palavras desnecessárias. Saint-Louis 1904 é o local para a maratona, e cidade central para elevar o espírito nacional, de superioridade desportiva. Será??? Como referido no resumo, trinta e dois corredores à partida, apenas catorze à chegada!

Divertida, desenho agradável, cores adequadas a uma vivacidade extrema, e ao mesmo tempo a fazer lembrar um filme antigo que recordamos com particular carinho, muito cuidado na caracterização gráfica, tanto no “guarda-roupa” como nos “adereços”, como no tratamento do espírito da época, “A Corrida do Século” é uma aposta ganha pelos autores Munuera e Kid Toussaint e pela editora Lombard.

Quase 100 páginas de leitura de sorriso nos lábios. Recomenda-se!





Les Piliers de la Terre - tomo 1

Mais uma adaptação de uma obra literária, neste caso de Ken Follett, Os Pilares da Terra. Recentemente, e sem procurar muito, creio recordar-me que teremos a adaptação de uma obra de Vitor Hugo com “Notre-Dame de Paris” (por Georges Bess, um one shot a sair em novembro) e de Cervantes com “Don Quichotte de la Mancha” (um one shot dos irmãos Brizzi, também a sair em novembro). 

Editado pela Glénat e com uma previsão de seis tomos de quase 100 páginas cada um (uf!), esta adaptação é dirigida aos fãs da obra, e aos apreciadores de histórias passadas na idade média, com os seus ambientes, diálogos e desenhos característicos.

Precisamente quanto aos desenhos, a cargo do belga Steven Dupré, recebemos mais do que o esperado (ou que eu esperaria, raios e coriscos (!), sempre de pé atrás no que a adaptações literárias diz respeito). Um belo desenho realista, boa caracterização contextual, belíssimas imagens de catedrais e de edifícios, variação de perspetivas, boa composição de página. O autor, claramente, tem gosto em desenhar este período.

A história é bem conhecida, a adaptação realizada por Alcante parece (sim, veremos os restantes tomos!) muito bem conduzida, não se limitando a uma transposição, mas a uma visita com coração. É um bom primeiro tomo.

Aliena, filha do Conde Bartholomew, recusa o enlace com William, num casamento que lhe é imposto, na Inglaterra da primeira metade do século XII. Ao mesmo tempo que em Londres certas manigâncias permitem coroar um novo rei, Tom, mestre pedreiro, percorre as estradas e tem de aceitar os trabalhos que consegue para poder alimentar a sua família, depois da morte da sua mulher ao dar à luz um rebento do casal. Na Abadia de Kingsbridge, o desaparecimento do prior vem perturbar uma aparentemente pacífica comunidade. 

Neste primeiro tomo começam a ser tecidas as linhas que vão permitir convergir todos estes acontecimentos, que seguimos com facilidade e deleite. Não surpreende, mas lê-se com agrado, mesmo sabendo que quem quiser ler a obra completa em BD vai ter de esperar uns tempinhos…


Sem comentários:

Enviar um comentário