Le Banquier du Reich - tome 1 e 2
Só muito recentemente tive a oportunidade de ler os dois tomos que compõem este relato histórico das posições e atos do homem que ainda antes da subida de Hitler ao poder, e durante o governo daquele, foi um todo-poderoso no domínio financeiro alemão, desde comissões de apoio ao governo, Banco Central Alemão e Ministério das Finanças.
Os dois tomos foram ambos publicados em 2020, com 6 meses de diferença entre si, com argumento de Pierre Boisserie e de Philippe Guillaume, e desenho de Cyrille Ternon. Nenhum dos autores, que me recorde, tem publicações traduzidas para português. Boisserie é um autor habitual de BD’s de conteúdo histórico, e sempre com significativos trabalhos de investigação subjacentes; Guillaume foi já responsável por várias BD sobre o mundo das finanças, onde explora detalhes e curiosidades com perfeito domínio histórico da matéria.
Hjalmar Schacht é um técnico muito competente, um homem com uma visão excecional no domínio financeiro, mas homem de poucos amigos, brutal e desagradável. A sua história, nomeadamente a sua atuação e ligação a Hitler, deixa uma marca no seu percurso que mesmo o facto de ter caído mais tarde em desgraça e ter, alegadamente, participado em conspirações contra Adolf Hitler, não vem atenuar.
Julgado em Nuremberga pelos aliados, e apesar de se ter “saído bem”, Hjalmar Schacht teve ainda, ao longo dos anos, uma relação dúbia com os judeus.
É precisamente a exploração do comportamento dúbio desta personagem, em torno da questão de se se tratou de um génio das finanças preocupado e focado nas condições do seu país ou de um frio e desagradável oportunista, que estes dois tomos são construídos.
Um argumento bem elaborado, diálogos muito interessantes, uma caracterização da personagem com base nos factos conhecidos, sem à prior de valores, deixando as conclusões para o\a leitor\a.
Um desenho realista, sóbrio e elegante, muitos grandes planos com detalhe – a cidade, o refúgio nos arredores da cidade, o avião, o gabinete, todos os locais têm a sua importância na narrativa e são por isso bem pormenorizados.
Uma BD de excelente qualidade, com uma abordagem clássica, para os que gostam de história, e que tenham uma curiosidade sobre uma personagem que teve nas mãos a condução das finanças do Reich, e que, na prática, acabou por passar despercebido nas margens da história. Uma edição de qualidade da Glénat.
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