Nevada T.4 – Jack London
A série de BD com o título de Nevada, e que tem sido alvo de publicação em Portugal pela editora a A Seita (já com dois volumes), passou a contar, desde final de janeiro, com um total de quatro tomos, o último com o título de Jack London (sim, o famoso aventureiro e escritor) e a particularidade de não ter uma história completa e prever a sua continuação no tomo 5, a publicar ainda este ano.
Continuamos a seguir a história de Louise e do seu “anjo da guarda” Nevada (Marquez), ambos preocupados em assegurar a condenação do famoso e particularmente violento Carlsen (ver tomo 3). A narrativa é construída a partir de um testemunho de Louise que nos vai mergulhar no passado destas personagens, o que nos permite, aliás, continuar a profundar os detalhes dos fios que ligam os destinos de Louise, a famosa produtora de cinema, e Nevada, o conhecido e desenrascado faz tudo.
Sabemos que as duas personagens se acompanham e amparam desde o orfanato, que vagabundearam pelos Estados Unidos, que procuraram trabalhos mais ou menos arriscados que lhes permitissem sobreviver. E é por aí que começamos, com os dois a roubar ostras na baía de São Francisco, nos inícios do século XX.
Louise e Nevada vão cruzar, entre outras personagens, muitas das quais reais, Jim, um desenrascado ativista sindical, os organizadores do movimento sindical e os principais “barões” da construção civil, que utilizam vários homens de mão, entre os quais Carlsen (que encontramos, cronologicamente, pela primeira vez), para contrariar os primeiros. E no meio de todo este grupo, o nosso par de aventureiros vai conhecer o “aventureiro mor”: Jack London.
Jack London, grande bebedor, apoiante do movimento sindical, crítico de uma construção civil “mentirosa”, tal como revelado pelo terramoto, e apreciador da boa vida, torna-se o elemento central de todo este episódio movimentado, frequentemente brutal, e determinante para o futuro das duas personagens. Este tomo permite-nos ter uma visão muito interessante dos Estados Unidos dos anos iniciais de 1900.
Voltando à atualidade (de Louise e Nevada), verificamos que um dos principais financiadores de Louise faz a Nevada uma oferta que ele não pode recusar: organizar a evasão de Carlsen da prisão.
Pecau e Duval asseguram aqui, de forma eficiente e interessante, mais uma história de qualidade, embora só seja possível comentar o interesse completo da narrativa quando o díptico terminar. O Neo-Zelandês Colin Wilson entrega o desenho com a sua mestria habitual (sim, sou fã!), com pranchas em que tudo é dinamismo, movimento e qualidade de perspetiva. Apenas tenho a referir que há momentos em que a cor do sempre presente Jean-Paul Fernandez me pareceu transformar o desenho em algo um pouco artificial, sem que isso tenha beliscado a experiência de leitura. Editado pela Delcourt.
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