terça-feira, 6 de dezembro de 2022

As reedições no mercado actual da banda desenhada

 



Por Miguel Cruz

A escassez e perturbação na distribuição de papel, bem como o consequente preço, têm constituído sérios problemas para as editoras de Banda Desenhada (com reflexos imediatos nos autores). O número de edições não se tem reduzido, sendo que cada edição acaba por demorar mais tempo do que o habitual (com tratamento diferenciado para os títulos de maior sucesso), muitas edições surgem com menos exemplares, e as segundas edições vão-se tornando mais demoradas. Todos os agentes do mercado vão-se adaptando.

Curiosamente, algumas editoras anunciaram a reedição de títulos com história e sucesso. De entre estes, destaque para a muito recentemente concretizada reedição de “Et Franquin Créa La Gaffe” (um título cuja tradução seria “E Franquin criou a gafe”, mas que pretende assinalar a criação da sua personagem de referência, o nosso bem conhecido Gaston Lagaffe).

Trata-se de um livro muito interessante – declaro aqui, como uma espécie de declaração de interesses, a minha profunda admiração pelo trabalho de Franquin – e profusamente ilustrado, de entrevistas realizadas pelo bem conhecido especialista Numa Sadoul a André Franquin na década de 80. Não apenas muito do trabalho do grande mestre é escalpelizado de forma curiosa e maioritariamente divertida, como o caráter humanista da obra é percetível e inteligentemente explorado pelo entrevistador. Uma edição de sucesso da Glénat, reeditada mais de 30 anos depois. 

O segundo exemplo que aqui apresento é o da Casterman, que anunciou a reedição de 13 BDs premiadas em Angoulême, para celebrar precisamente o 50.º aniversário do famoso Festival. As 13 BDs – várias delas tendo merecido edição em português (ainda não reeditadas) – serão reeditadas em versão de colecionador com tiragem limitada e serão, por ordem alfabética (a negrito as que foram editadas em Portugal):

- « Alack Sinner – Flic ou privé » (Muñoz / Sampayo), Prémio do melhor albúm em 1983
- « Anaïs Nin – Sur la mer des mensonges » (Léonie Bischoff), Prémio do Público em 2020
- «Ballade de la Mer Salée, La» (Hugo Pratt), Prix de l’oeuvre étrangère en 1976 [Balada do Mar Salgado]
- «Cahier Bleu, Le» (André Juillard), Prémio do Melhor Albúm em 1994 [Caderno Azul, O]
- «Trilogie Nikopol, A » (Enki Bilal), Grande Prémio de Angoulême em 1987 [Trilogia Nikopol, A]
- « Goût du Chlore, Le» (Bastien Vivès), Prémio Revelação em 2009
- «Ici même» (Tardi/Forest), A Reunião de dois Grandes Prémios de Angoulême (Tardi e Forest [Aqui Mesmo]
- «Jonas Fink» (Vittorio Giardino), Prémio Do Melhor Albúm em 1995 
- «Kiki de Montparnasse» (Catel / Bocquet), Prémio «Essencial» em 2008
- «Silence» (Didier Comès), Prémio do Meilhor Albúm em 1982 [Silêncio]
- «Silence de Malka, Le» (Pellejero / Zentner), Prémio do Melhor Albúm Estrangeiro de 1997 
- «Trait de craie» (Miguelanxo Prado), Prémio do Melhor Albúm Estrangeiro em 1994 [Traço de Giz]
- «Un Été Indien» (Hugo Pratt / Manara), Prémio do Melhor Albúm Estrangeiro em 1987 [Verão Índio]




Sem comentários:

Enviar um comentário