quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Comic Con 2022: A nossa opinião


Mais de uma semana depois de ter terminado a Comic Con, faltava fazermos um balanço da edição deste ano. Ao longo dos quatro dias do evento fomos dando nota do que fizemos, do que assistimos e sobre os autores com os quais estivemos, por isso não nos vamos alongar muito mais sobre essa matéria. Vamos então falar do evento num todo e no que mudou em 2022.

Neste segundo ano no espaço híbrido do Parque das Nações, muitas interrogações persistiam. Como sempre, este evento não consegue agradar a todos e, como tudo na vida, há coisas boas e coisas más. No que nos diz respeito, foi bom constatar que houve avanços e melhorias dignos de nota.

O que melhorou:

A sinalização/informação: francamente mais eficaz, sentimos que as indicações e informação sobre os painéis melhorou. 

A zona de autógrafos da Banda Desenhada. Foi deslocada para o 1.º piso, mais perto do Auditório Spotlight e num local mais reservado. Organização irrepreensível (com destaque para a incansável Miriam) com filas individuais para cada autor, sem nenhum tipo de stress. Esperamos que os responsáveis do Amadora BD tenham ido à Comic Con e que apliquem este sistema para o ano.

A área Gaming voltou a ter o seu fulgor, tendo passado para o interior do pavilhão, o que representou uma mais valia para os aficcionados, para além da triste memória de termos assistido ao jogo de futebol do Mundial Portugal-Marrocos e que infelizmente perdemos, ditando a nossa eliminação...

Mais do mesmo:

A Artists'Alley fica desagregada de todo o resto e os artistas acabam por sofrer um pouco com isso, pois estão muito tempo sozinhos e sem público, principalmente nos dias de menor afluência.

Custa ver grandes nomes internacionais de Banda Desenhada com a fila dos autógrafos quase às moscas. Não temos nenhuma solução para esta questão, pois o público é que dita as regras, mas tal como dissemos no ano passado, parte dos nomes que estiveram presentes, estão longe deste universo da cultura Pop, apesar de para nós estarem perfeitos e serem excelentes. Tivemos connosco grandes talentos da nona arte como Miguelanxo Prado, Paco Roca, Jean Bastide, Philippe Fenech, Gene Ha, Joseph Homs, Wes Craig, Mike Deodato Jr., Joana Rosa, António Jorge Gonçalves, Cary Nord, Luís Louro e  Patricia Costa, mas que não atraíram o típico perfil de visitante do evento. A BD devia ser a rainha da Comic Con, mas está longe disso e é uma pena, apesar de acharmos que a banda desenhada por si é difícil, mas possível, como foi o caso de Mauricio de Sousa no passado, que continua a ter o recorde de assistência num painel na Comic Con na área da banda desenhada. Isto apesar de considerarmos como já dissemos, que este ano mais uma vez os autores presentes foram excelentes, pudemos entrevistar alguns deles, em particular os autores de Ideiafix (entrevista que em breve publicaremos), para além de vários magníficos autógrafos e conversas informais com todos eles. 

Custa também assistir a brilhantes painéis com os autores para meia dúzia de pessoas na plateia. Ainda não se encontrou a fórmula para captar mais público para os painéis, mas ajudaria se se ouvisse nos altifalantes a informação sobre a sua realização ou de quem vai dar autógrafos, pois há tantos focos de distração, que se o público não tiver uma ajudinha para se dirigir aos locais, não vai lá. É muito difícil explicar aos autores tão concorridos noutros eventos, chegarem ali e nem chegarem a dez pessoas a assistir...

O menos bom:

O preço dos bilhetes é demasiado elevado, principalmente quando ainda se tem de contar com as refeições. Embora se soubesse que os visitantes poderiam sair do recinto para procurar alternativas de alimentação mais em conta, a verdade é que isso corta o dia e faz as pessoas perderem tempo. Se bem que, para comer um hambúrguer na Comic Con às vezes se tenha que esperar uma hora ou mais, enfim...

Seja como for, o elevado preço dos bilhetes, numa altura de dificuldades económicas, ditou o fraco número de visitantes. Se no ano passado devido à pandemia, já tinha havido pouco público, achamos que este ano o mesmo se verificou. Para além disso, o painel de famosos não era se calhar demasiado forte para justificar o investimento.

Este ano o Geek Market foi deslocado para uma tenda no exterior. Tudo bem. Mas fez com que as poucas editoras estejam muito longe dos autores que vão dar autógrafos. E isso é um erro estratégico, pois poucos se deram ao trabalho de ir comprar os livros e regressar à zona da BD (e por vezes não existiam para comprar, p.e. na pequena "tenda" da Fnac). Por exemplo, depois do painel com os desenhadores do Ideiafix, que tivemos o prazer de apresentar e que esteve bem recheado de público, verificámos que logo de seguida na fila dos autógrafos para Jean Bastide e Philippe Fenech não havia praticamente ninguém. Ora, isto não é normal. 

A sala para a comunicação social apenas tinha mesas e cadeiras, estava suja, estava quase sempre ocupada pelos operadores de vídeo, servia para sala de refeições e nem águas tinha, isto comparando com o excelente espaço que tínhamos ao dispor em 2021. Sem explicação...

Conclusão:

Em jeito de conclusão podemos dizer que a organização vai aprendendo com os erros e viu-se este ano melhoramentos na sequência das críticas do ano passado, como foi bem visível na área da Banda Desenhada. Em relação ao espaço hibrido, terá em nossa opinião outra solução melhor mesmo ali ao lado, que se chama FIL ou mesmo no Passeio Marítimo de Algés, pois continuamos a achar que era um bom espaço e a sua realização em Setembro poderia voltar a ter os milhares de visitantes que por lá passaram. Dezembro com mau tempo e com espaço exterior não cativa a visita.  Mas continua a haver uma grande margem para melhorar e encontrar outras soluções. Quanto a nós, estaremos sempre disponíveis para colaborar e contribuir positivamente para melhorar, aliás como temos feito em todas as edições. Até para o ano!







Miguelanxo Prado






Paco Roca

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