segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Prémios ACBD 2023: E o prémio vai para... "La Couleur des Choses", de Martin Panchaud - Edição Çà et Là

 


E o grande prémio vai para - tan-tan-tan!!!!! “La Couleur des Choses”

Concluindo a referência que aqui vimos fazendo à evolução dos nomeados do grande prémio da Associação de Críticos e Jornalistas de Banda Desenhada, em que os outros quatros álbuns finalistas eram (gostei muito de todos): “La Bibliomule de Cordoue”, “La Dernière Reine”; “Le Petit Frère”; “Les Pizzlys”, aqui fica então a identificação do Grande Vencedor.

“La Couleur des Choses” de Martin Panchaud é uma obra muito interessante e inovadora. Toda a BD é desenhada de uma perspetiva aérea, ou seja, toda a ação se desenrola vista de cima, e as personagens surgem-nos como uma espécie de chapéus mexicanos, ou seja, uns círculos (como se vê na capa) com cores diferentes consoante as personagens. Este álbum tem, naturalmente algumas referências óbvias à obra de Chris Ware.

Dito desta forma, dir-se-ia que a leitura seria particularmente desafiante. Não o é. É muito interessante, fluida e estranhamente divertida. 

A história centra-se na personagem de um jovem e obeso adolescente inglês, Simon Hope, objeto de uma certa dose de "bullying" por outros adolescentes, e que aposta as economias do seu pai numa corrida de cavalos. 

Ao ganhar 16 milhões de libras, o jovem depara-se com um problema: como é menor não pode receber o seu prémio sem ser acompanhado. Ora a sua mãe está em coma, vítima de violência doméstica, e o seu marido está fugido. Como resolver então o problema, sabendo-se que com 16 milhões vêm muitas dores de cabeça?

Graficamente, esta BD é surpreendente. Vistas “de cima”, digressões com recurso a gráficos e verdadeiros "power point", imagens que nos lembram um jogo de vídeo e alguns detalhes muito curiosos, como algumas formas de separação dos “quadradinhos” ou determinados objetos.

Pela minha parte achei uma forma interessante do autor Suíço Martin Panchaud abordar com muito humor questões sérias, e gostei bastante. Sendo franco, direi que gostei mais, por exemplo do “Les Pizzlys”, também com uma abordagem gráfica interessante. Reconheço que esta BD “La Couleur des Choses” estará longe de ser consensual, uma vez que tem um conceito desafiador que se prolonga por mais de 200 páginas.

Vamos ver o que acontece em janeiro próximo em Angoulême.

Miguel Cruz





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