quarta-feira, 17 de maio de 2023

A nossa leitura de "Mar Negro"

 


Depois da novela gráfica "Desvio", que foi muito bem acolhida pelo público e com elogios merecidos, Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho regressaram agora, com uma nova história, intitulada "Mar Negro", editada igualmente pela Planeta Tangerina, curiosamente o centésimo livro da editora.

Nesta obra, recomendada para leitores maiores de 15 anos, o tema da crise de identidade volta a ser o foco da história. Contudo, confessamos que gostámos bastante mais deste "Mar Negro" do que do "Desvio".

À primeira vista o "chapão" cor-de-laranja da capa não nos agradou, porém era (e é) inegável a sua originalidade e o facto do laranja predominar como divisória das vinhetas e "lombada" do lado das folhas também, acabou por nos atrair e ao folhear o livro percebemos que tínhamos ali uma obra especial. E como! Cinco estrelas este "Mar Negro" que nos fez ler de forma compulsiva, sem dar por isso. 

Numa palavra, diríamos que esta obra é "fluída". a maneira como foi escrita a história, respira fluidez, simplicidade e naturalidade. É fácil envolver-nos e mergulhar suavemente no "Mar Negro" pois a narrativa, os acontecimentos dizem respeito a todos nós, numa fase da nossa vida. As personagens não são complexas, são bem reais, e retratam a vida tal como ela é.  Os problemas, as vivências dos adolescentes ou jovens adultos da história são tratados com grande sensibilidade e respeito.

Ana Pessoa disse, a propósito do "Desvio" e que aqui também se pode aplicar: 

Nós andamos todos perdidos. A certa altura, aceitamos que estamos perdidos e, portanto, parecemos menos perdidos do que os adolescentes. Mas andamos todos aqui, à procura de um sentido, de ligações, de uma certa vocação. E, nesse sentido, é uma procura constante, que não tem de ser sempre angustiante, pode ser até interessante. E, se correr bem, leva-nos a algumas respostas.

Relembramos a sinopse:

O verão está a chegar ao fim, mas o bar da praia continua quase sempre cheio. JP serve às mesas e Inês fica nos bastidores, a tirar cafés, a cortar fiambre, a fazer tostas. Não são propriamente amigos. Ele é leviano e alegre, ela parece levar-se demasiado a sério.

Numa manhã de nevoeiro, um acontecimento inesperado vai uni-los mais do que nunca. Mas quanto mais Inês mergulha num drama 
que não é o seu, mais se afasta da sua própria vida.

– Às vezes sinto que não sou eu própria. 

– Como assim? 

– Parece que sou outra pessoa ou que estou a tentar ser outra pessoa. 







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