Uma das nossas leituras da Páscoa foi este romance gráfico, editado pela Relógio D'Água, uma adaptação do célebre romance de F. Scott Fitzgerald, "O Grande Gatsby". O texto foi adaptado por Fred Fordham e as ilustrações são da responsabilidade de Aya Morton.
A história já é do conhecimento da maioria. Muitos nunca leram o livro, mas possivelmente viram o filme, dado que "O Grande Gatsby" já foi adaptado para cinema em cinco ocasiões, a última das quais em 2013, com Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan nos principais papéis. Quanto à nossa apreciação, talvez por termos na memória este último filme e a exuberância do protagonista, das festas, dos cenários, achámos estranho uma adaptação com desenhos em cores de tons pastel, muito suaves, com ambientes mais desmaiados. É verdade que conforme vamos entrando na história esse pormenor deixa de ter tanta importância, até porque os desenhos dos ambientes são interessantes. Mas houve uma coisa de que não gostámos: Aya Morton pode desenhar bem os cenários, mas não é exímia a desenhar personagens. Todos se afiguram demasiado parecidos uns com os outros, sem grandes expressões faciais, quase estáticos, o que nos leva às vezes a ter dificuldade em distinguir quem é quem e onde só a cor do cabelo nos ajuda. Outro aspecto que não gostámos foi a legendagem. Há páginas onde o texto é excessivo e a diferença entre os balões de diálogo e o texto do narrador deveria ser mais evidente. Convenhamos que não deve ter sido fácil trabalhar neste aspecto, dado que a "voz off" é talvez o elemento mais importante da história, mas com criatividade talvez fosse possível terem encontrado outro caminho, para tornar este romance gráfico um pouco mais vivo e dinâmico.
No global, é um livro "morno" e pouco intenso.
A sinopse: "O Grande Gatsby" talvez seja, como alguns afirmaram, o único romance perfeito. Ao relê‑lo, espantamo‑nos sempre com a sua brevidade: não é muito mais longo do que um conto de Henry James. T. S. Eliot julgou‑o o único grande passo no romance americano desde a morte de James. Não deu origem a uma tradição americana. O livro mal delineado, com calão e que alcança grande sucesso é corretamente considerado o típico contributo americano para a arte do romance. Os leitores americanos do Saturday Evening Post, que admiravam as histórias de Fitzgerald sobre a época do jazz, não o conheciam como autor de um grande livro. A notoriedade popular de Fitzgerald desde a sua morte baseou‑se mais na vida do que na obra - o «crack‑up», o alcoolismo, a loucura da sua mulher Zelda. A sua arte era demasiado sofisticada e a sua ironia demasiado subtil para uma audiência ampla.» [Anthony Burgess]
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