sexta-feira, 22 de abril de 2022

A nossa leitura do romance gráfico "O Grande Gatsby"

Uma das nossas leituras da Páscoa foi este romance gráfico, editado pela Relógio D'Água, uma adaptação do célebre romance de F. Scott Fitzgerald, "O Grande Gatsby". O texto foi adaptado por Fred Fordham e as ilustrações são da responsabilidade de Aya Morton.

A história já é do conhecimento da maioria. Muitos nunca leram o livro, mas possivelmente viram o filme, dado que "O Grande Gatsby" já foi adaptado para cinema em cinco ocasiões, a última das quais em 2013, com Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan nos principais papéis. Quanto à nossa apreciação, talvez por termos na memória este último filme e a exuberância do protagonista, das festas, dos cenários, achámos estranho uma adaptação com desenhos em cores de tons pastel, muito suaves, com ambientes mais desmaiados. É verdade que conforme vamos entrando na história esse pormenor deixa de ter tanta importância, até porque os desenhos dos ambientes são interessantes. Mas houve uma coisa de que não gostámos: Aya Morton pode desenhar bem os cenários, mas não é exímia a desenhar personagens. Todos se afiguram demasiado parecidos uns com os outros, sem grandes expressões faciais, quase estáticos, o que nos leva às vezes a ter dificuldade em distinguir quem é quem e onde só a cor do cabelo nos ajuda. Outro aspecto que não gostámos foi a legendagem. Há páginas onde o texto é excessivo e a diferença entre os balões de diálogo e o texto do narrador deveria ser mais evidente. Convenhamos que não deve ter sido fácil trabalhar neste aspecto, dado que a "voz off" é talvez o elemento mais importante da história, mas com criatividade talvez fosse possível terem encontrado outro caminho, para tornar este romance gráfico um pouco mais vivo e dinâmico.

No global, é um livro "morno" e pouco intenso.

A sinopse: "O Grande Gatsby" talvez seja, como alguns afirmaram, o único romance perfeito. Ao relê‑lo, espantamo‑nos sempre com a sua brevidade: não é muito mais longo do que um conto de Henry James. T. S. Eliot julgou‑o o único grande passo no romance americano desde a morte de James. Não deu origem a uma tradição americana. O livro mal delineado, com calão e que alcança grande sucesso é corretamente considerado o típico contributo americano para a arte do romance. Os leitores americanos do Saturday Evening Post, que admiravam as histórias de Fitzgerald sobre a época do jazz, não o conheciam como autor de um grande livro. A notoriedade popular de Fitzgerald desde a sua morte baseou‑se mais na vida do que na obra - o «crack‑up», o alcoolismo, a loucura da sua mulher Zelda. A sua arte era demasiado sofisticada e a sua ironia demasiado subtil para uma audiência ampla.» [Anthony Burgess]







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