terça-feira, 20 de junho de 2023

A opinião de Miguel Cruz sobre: "Omula et Rema - T1: La fin d'un monde", de Jorge Miguel e Yves Sente e "The Midnight Order", de vários autores


Omula et Rema - T1

Sendo muito franco, direi que a única razão pela qual esta BD me chamou a atenção é a nacionalidade do seu desenhador. Jorge Miguel, autor nascido na Amadora, tem já algumas publicações no mercado francês, como é o caso de Shanghai Dream, posteriormente traduzido para a nossa língua.

Miguel Jorge juntou-se agora ao nosso bem conhecido Yves Sente (Blake e Mortimer, XIII, o Guardião, …) para uma nova série: Omula et Rema. O primeiro tomo tem como título “La fin d’un monde”.

Obra de ficção científica, uma das marcas desta BD é a junção de um modo de vida e referências clássicas (romanas, mais concretamente e principalmente) com uma narrativa de antecipação científica (juntem uns pozinhos de esoterismo e voilá). Omula é parte de uma expedição com o objetivo de encontrar um planeta onde existam condições adequadas de vida, com o seu próprio planeta (!) ameaçado por um cataclismo. No planeta Terra assistimos a uma convulsão política na cidade de Albalonga, em que o jovem Amulius tenta impor um regime ditatorial, e em que as fações se movimentam.

Não é possível, sem spoilers, ir muito mais longe nesta descrição, direi apenas que a Terra é o planeta central desta aventura e, por outro lado, que a questão da viagem no espaço e a passagem do tempo serão elementos essenciais. Ah, é verdade, a nave espacial transporta também clones, muito difíceis de diferenciar dos “originais”.

Como diria o comandante do avião em que Natacha era hospedeira de bordo (obrigado Walthèry): Eu já vi isto!

O tratamento dado à história neste primeiro tomo é interessante, procura ser inovador, mas a apreciação completa só poderá ter lugar quando nos for possível analisar o conjunto da narrativa. O que podemos, desde já, comentar, é a qualidade do desenho. Muito bom, muito adaptado ao tipo de história, mostrando bom à vontade tanto na parte clássica, como na parte mais futurista e tecnológica. 

Aconselha-se, assim, a leitura, e penso ser de dar uma palavra de parabéns ao desenhador. Editado pela Rue de Sévres, esta BD tem uma capa que quase pareceria a capa de um tomo de Alix ou de Aria, não fora um pequeno detalhe!




 The Midnight Order



Um álbum que fala de magia, feiticeiras e perseguições às mesmas, não é certamente para todos, pelo tema fantasioso, e neste caso também poderá não ser do agrado geral, uma vez que o grande volume de 272 páginas, ao ser desenhado por vários/as autores/as, cada um/a com uma breve história, sofre de um tradicional problema: a variedade de tipos e qualidades de desenho. 

O desenho, ou melhor, a muito visível diferença de desenho entre as diversas narrativas constitui, na minha opinião, o principal defeito desta BD, que constitui um objeto muito interessante e bonito, uma espécie de livro de magia, negro, grosso e debruado a “ouro”. 

Já a base das histórias tem como elemento comum o facto de dois membros da “ordem da meia-noite”, de nomes Johnson e Sheridan, receberem como incumbência perseguir e capturar feiticeiras que se tenham tornado demasiado poderosas, constituindo um perigo para o mundo, mas também para a visibilidade de todo um conjunto de seres, incluindo as próprias.

Quando são capturadas, a forma de as eliminar enquanto perigo para a envolvente, é cortar-lhes as mãos, eliminando ou reduzindo a capacidade de exercer magia. A história é consistente, e as ligações entre as histórias são boas, o tema é bem tratado, o “esoterismo” parece abordado com sensibilidade e gosto, apesar de algum classicismo na abordagem às crescentes dúvidas dos dois “agentes” sobre a ética da sua tarefa – especialmente quando uma familiar próxima de um deles passa a ser um alvo.

Autores: Mathieu Bablet, Isabelle Bauthian e Claire Barbe como responsáveis pelo argumento, Allanva, Rours, Sumi, Thomas Rouzière, Claire Fauvel, Titouan Beaulin, Daphné Collignon Quentin Rigaud, e Mathieu Bablet, nos desenhos.

Editado pela Rue de Sèvres, pela sua interessante Label 619, em que foi também editado o excelente Hoka Hey!, esta BD constitui uma experiência de desenvolvimento de um universo, que é bem conseguido, mas que nos choca um pouco pela diversidade de desenhos, que não facilita a coerência de leitura.




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